15 de maio de 2007

Os Bordados


Um motivo de orgulho dos Lixenses é os seus bordados. Sendo desconhecida a época da sua origem, pensa-se ser bem anterior ao séc. XVI e praticada principalmente pelas mulheres à procura de uma forma criativa e aprazível de ganhar a vida.
Na cidade os bordados revelam-se exuberantes e variados, tanto na sua concepção como na sua finalidade. São tradicionais trajes populares, em lençóis, toalhas de rosto, fronhas de almofadas e travesseiros, colchas, centros de mesa e outros fins por quem tenha imaginação para tal.

Exploração do Linho



O Linho de seu baptismo científico «Lineum usitatissimum» é planta cujas fibras já eram aproveitadas para fabricar tecidos (conforme recentes estudos arqueológicos comprovam) há cerca de 5.000 anos. E desde então, até aos nossos dias ele não deixou de acompanhar o evoluir da humanidade.

As variedades de linho entre nós mais adaptadas eram o «linho da terra» ou «galego», o «vivaz» e o «mourisco». O linho de Riga foi sempre considerado o melhor.

Da planta de linho aproveitava-se o caule que após demorados trabalhos e operações se obtêm o «fio» para a tecelagem e a semente, denominada «linhaço».

A sementeira
Após preparação e adubação cuidadosas do terreno, procede-se, em Abril, à sementeira. Se o produto primordialmente desejado é a «linhaça», aplicam-se cerca de 100 litros de semente por hectare; se é a produção de linho, proveniente dos caules que se quer obter em primazia, pelo menos duplica-se a quantidade de semente.

Amanhos culturais
Regas amiudadas; e no dizer do povo o linho deve levar nove «águas» ou seja, 9 regas. Antes dessas regas efectuam-se cuidadosas «mondas» desembaraçando o terreno de todas as plantas nocivas.

A arrancada
O linho não é ceifado, mas sim arrancado com a raiz a fim de se poder aproveitar todo o seu caule, produtor de fibras.

A ripada
Consiste em separar os frutos «baganhas» que contêm a semente «linhaça» do caule que virá a fornecer-nos o «linho» primeiro como fio e depois como tecido.

Esta operação efectua-se no «ripanço» ou «ripo», que afinal mais não é que um grande pente cujos dentes obrigam as baganhas a separarem-se do caule quando este nele é penteado.


O curtimento
Depois de ripado o linho é transportado para uma poça ou ribeiro, e ai permanece na água, bem coberto, durante oito dias. Esta curtimenta tem por fim separar as partes lenhosas dos caules, das fibras que são as partes têxteis.


A maçagem
É uma das mais importantes fases da preparação das fibras pois visa separá-las, por completo, das partes lenhosas. Executa-se de diversas formas mas entre nós o «Engenho» movido a água - é o sistema adoptado.

A espadelada
Para a efectuar usam, na nossa região, um «cortiço» em cujas bordas (com ele invertido) apoiam as «estrigas» formadas por pequenos molhinhos de linho, vindo do «engenho», e com a «escapadela» batem fortemente de cutelo essas estrigas tirando-lhe os «tormentos» que são o produto mais grosseiro das fibras de linho. A escapadela é apenas executada pelas mulheres.

Assedagem
No «sedeiro», cepo com dentes pontiagudos, num dos topos mais afastados, entre si, do que do outro, são passadas as estrigas, o que obriga a separar as partes mais compridas que são o «linho» das mais curtas que formam a «estopa».
As estrigas, quando isentas de estopa, são dobradas e mais não resta que fiá-las.

Preparação da estopa
A estopa obtida quando da «assedagem» das estrigas, antes de poder ser fiado, tem de ser passado pela «menela» formando-se as «manadas» que vindo a ser passadas pelo «pente» formam as «rocadas» e por meio da «roca» serão, por fim fiadas.

A Fiação
A fiação é levada a cabo na «roca» com o auxílio de «fuso».
Na roca coloca-se a estriga de que se tira um pequeno feixe de fios que com os dedos e auxílio da saliva se vai adelgaçando até que o fio fique com a grossura desejada e por meio de movimentos rotativo imprimido ao fuso (a que o fio é preso), sofra a torção necessária a mantê-lo bem calibrado, isto é, sem variações de espessura.

Emeadar
As «meadas» mais não são do que o conjunto das «maçarocas», fiadas na roca e dispostas em rolo, mediante o auxílio de «sarilho» que pode ser horizontal ou vertical.

Branqueamento das meadas
Antes de se proceder à «barrela» das meadas, são estas «emborralhadas» em água fria, na qual se dilui uma forte camada de cinza clara e bem crivada. Depois procede-se à «barrela», igualmente com a edição de cinza na água, mas neste caso emprega-se a água a ferver, e quando arrefece volta a deitar-se – lhe mais água quente. É a «barrela» prolonga-se por dois e três dias.

A cora
Depois de terem sofrido a barrela, são as meadas a «corar» ao sol, durante 3 ou 4 dias e de ambos os lados.
Enovelar
Para poder seguir para a tecedeira, o fio das meadas tem de ser posto em novelos. Estes obtêm-se por meio da «dobadoira» onde se coloca a meada e um fio saído dela, prende-se a um bugalho, pequena pedra, ou pequeno pauzito sobre o qual se vai enrolando, formando um novelo para o que se vai puxando o fio da meada, através dum pequeno farrapo mantido entre os dedos, não só para defender estes de possíveis pequenos golpes provocados pelo fio, mas muito especialmente para o limpar de todas as impurezas que possivelmente lhe estivessem aderentes. Nada mais falta agora que «urdir a teia» e tecê-la.

O linho entre nós, já quase se não cultiva a sua exploração recebeu a primeira «machadada» com a difusão dos tecidos de algodão.

Freguesia de Santão


Orago: Santo Adrião
População: 980 habitantes
Actividades económicas: Agricultura, floricultura, metalurgia e granitos
Festas e romarias: Santo Adrião (8 de Setembro) e Senhora do Alivio (1º domingo de Julho)
Património cultural e edificado: Igreja românica
Artesanato: Bordados
Colectividades: centro cultural e recreativo de Santão, grupo coral e centro columbófilo

Freguesia de Macieira da Lixa



Orago: Santa Leocádia
População: 2 065 habitantes
Atividades econômicas: Agricultura, calçado, madeira, mobiliário e metalurgia de base.
Festas e romarias: Santa Leocádia (9 Dezembro) S.Roque e Senhora da Saúde(18 de Agosto)
Patrimônio cultural e edificado: Igreja Paroquial, Quinta da Torrente, Casa Sanatório de Seixoso e Capela de S.Roque.

Freguesia de Borba de Godim


Orago: S. Miguel
População: 2 340 habitantes
Festas e Romarias: Festa de São Sebastião, em 20 de Janeiro; Festa de São Roque, em meados de Agosto; Festa do Corpo de Deus (dia móvel) e Festas de São João em 24 de Junho. Em Setembro a festa da Nossa Senhora das Vitórias. O seu padroeiro é São Miguel.
Colectividades: Assembleia Recreativa e Cultural de Borba de Godim e pela Sociedade Columbófila da Lixa.